Oktober 19, 2005
Jogo de palavras
Ultimamente, tenho sentido vontade de ir para um lugar muito distante. Os motivos foram muitos para que essa idéia fosse suscitada em minha cabeça. Vivo num paradoxo sem fim. Sou um graduando de letras que tem evitado, um pouco, as palavras. Vê-las como simples cabedais na boca de esdrújulos escritores como Paulo Coelho, só pra citar um, é doloroso para mim. Queria que as pessoas tivessem mais respeito com as palavras. Escrevo, desse modo, por conhecer alguns profissionais que a desprezam. Quase sempre, esses pseudo-letrados utilizam-nas para proveito próprio. Se vocês notarem, os vocábulos têm aparecido, apenas, em discussões ínfimas e em outras perolações para aqueles que se sentem donos delas. Não ouvimos mais poesias, declarações de amor e de amizade. No nosso século, temos que nos contentar com letras de funk e programas televisivos onde os apresentadores asseveram em questões repetitivas com jogos de palavras. Há quantos meses, estamos ouvindo falar em mensalão, em corrupção na arbitragem do futebol brasileiro, enquanto os temas não são tratados com a seriedade que eles demandam. A última conseqüência dessa pífia manifestação da linguagem apareceu na briga do jogo entre Corinthians X Palmeiras desse final de semana. Podem até me dizer que aquilo foi "mais um caso" de violência, mas será que os vândalos estariam exaltados a tal ponto sem a anulação dos jogos? Sei que isso seria uma desculpa esfarrapada, embora acredita que os "farrapos" anteriores tenham sido desencadeados pelo mal uso da linguagem. A corrupção das palavras feita pelo juiz, em suas transações, teve o chamado "efeito dominó". Por isso, devemos ter compromisso quando jogamos com as palavras. Quando bem cuidadas, elas podem ser enternas e mutáveis. E tratá-las com zêlo não tem nada a ver com pedantismo. Podemos aglomerar expressões em torno de um único sentimento. Claro que confesso ter me enredado em minha proposta aqui. Talvez, a minha revolta quanto a emprego delas por algumas pessoas desse submundo tenha afetado a que me propus fazer. Queria apenas voltar a vê-las com o velho romantismo poético sem as injúrias que provocam, a cada dia, pelo seu jogo verborrágico em ambientes indefinidos. Pois acredito que as palavras devam sempre celebrar vida, seja onde tivermos que empregá-las.
Abonnieren
Kommentare zum Post (Atom)
Keine Kommentare:
Kommentar veröffentlichen