
Alguns filósofos criariam outras teorias sobre ela. Não, essa dialéctica está longe de adquirir uma dimensão maior do que lhe atribuímos.
Assim, diriam-me que a mesma não passa de uma reflexão simplória diante das atitudes que "devemos" tomar em nossa vida. Sim, concordaria em parte com semelhante opinião.
Posso resumí-la na oposição entre negativo e positivo para resolver questões que demandam respostas (ou soluções) muito mais complexas.
O que a afastaria, a meu ver, das dialécticas filosóficas é a sua origem. Ela nasce do impulso, da coragem, na decisão daquele que se propôs a utilizá-la.
Não se espelha em silogismos ou na lógica formal. Só podemos assumí-la, quando extraímos a nossa vontade latente no fundo do nosso coração. Por isso, devo admitir que a dialéctica da coragem possa nos induzir mais ao erro do que ao êxito.
A sua vantagem está na natureza assertiva de sua estrutura. Podem até me criticar, mas acredito que Sartre e Nietzsche estariam felizes com a existência dessa estranha teoria. O nosso mundo precisa de escolhas e de erros conscientes. Desse modo, iríamos obliterar presidentes que não sabem ao certo o que fizeram em seu Governo.
Antes que me acusem também de eliminar o meio termo, falo sobre a natureza imparcial de minha teoria. Não quero destruir o sonho das pessoas que preferem escolher o "talvez". Aí lembro o significado de seu nome. Sempre aprendi que um pensamento dialéctico coloca os contrários em movimento. Foi assim desde os pré-socráticos.
Escolher o sim, para mim, não significa subtrair o não. Isso acontece porque, sempre, pensamos no que teria ocorrido se optássemos por uma decisão contrária. Nesse caso, a dialéctica da coragem é um primeiro (e eterno) motor para inúmeras reflexões. O seu único defeito, ainda, está na solução para frear a sua explosão emotiva que desencadeia as tempestades reflexivas. Um leigo pode enlouquecer, se não souber controlá-la.
Para simplificar tudo isso, retomo a sua origem há quase 14 anos atrás. Estava na terceira série do primário, quando a professora insistia em me enquadrar no grupo dos bagunceiros. Não era nenhum santo, mas as minhas notas revelavam o que acontecia.
Havia decidido perturbar as aulas daquela professora, porque já sabia grande parte da matéria. Optei por um "não", enquanto as provas diziam "sim" à aula daquela série. Começava, timidamente, a dialéctica da coragem.
No entanto, melhor do que o meu exemplo específico, falam os modelos Universais. Quem não entenderia o pensamento das mulheres, das confisões do Lula, dos gramáticos de nossa língua, da dicotomia saussuriana, com a dialéctica da coragem?
E, ainda que esteja em processo, essa teoria tem um futuro promissor. Ela nos instiga os sentimentos mais primitivos e nobres do ser humano. As pessoas deveriam, pelo menos, adotá-la, em pequenas quantidades, em seu cotidiano. Estariam extraindo, o que guardam de mais precioso, desses corações oprimidos por nosso tempo.
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