Januar 27, 2006

Dúvida

Obs.: Esse texto antigo faz o prenúncio de novos tempos. Em breve, voltarei a escrever em meu blog para o desespero dos leitores de plantão...blz..O poeta voltará a esbravejar paradoxos sem nexos que o libertam das turbulências de seu dia a dia. Depoimento bonito, mas muito triste... Deixo aqui uma dúvida...
Dúvida

Uma dúvida, seguida de medo, atormentou o meu pensamento, já atordoado por questões anteriores, neste sábado. Dia em que se comemorou 450 anos da cidade de São Paulo.
Porque o meio jornalístico, no rádio ou na televisão, jogava elogios à terra da garoa. Posso estar sendo um pouco regionalista agora, mas quem disse que o Brasil é São Paulo?
Os jornalistas encomiásticos como a maior parte das emissoras e as propagandas defendiam o modo de vida paulista. Imagine, então, o poder que estes veículos persuasivos exercem nas pessoas?
Propagam uma fé, lembrando o significado etimológico da palavra propaganda, a todos os brasileiros. Engendrando, concomitantemente, uma idolatria à réplica perfeita do estilo capitalista dominador e tirano.
Pergunto, ao leitor, onde estará o Outro nessa história? Os gaúchos, mineiros, paraibanos são estrangeiros na terra de uma cidade que se diz cosmopolita. Parece irrisório escrever sobre isso e dessa maneira; não me senti, no entanto, confortável dentro de meu próprio país.
A aculturação está revivendo aos poucos sob apanágios de uma nova civilização modelo. Foi assim entre os romanos e gregos, entre os norte-americanos e América, e outros exemplos que prefiro evitar a fim de não aumentar a polêmica gerada nesse texto.
Esse homem que renega o diferente, não sabe conviver. Aprende a viver pela metade, regido por sua cupidez e um regime falido. Sua busca incessante por algo poderá ser eterna, se não compreender como entender, ou pensar, em conjunto.
Tenho consciência desta dificuldade e o Brasil atual reflete a perda do senso coletivo. Idéia tão bem defendida, ao meu ver, pelo escritor modernista Graciliano Ramos.
Ele, que nasceu em Alagoas, não teria espaço neste país Paulista. Muito menos o baiano Jorge Amado. E outros intelectuais que não nasceram, e cresceram, apesar de alguns terem estudado, na região tão aclamada por seu aspecto solidário e cultural.
Ando exasperado com tanta hipocrisia. Vou ser chamado de bairrista ou regionalista, mas preciso dar voz aos esquecidos. Isto é ser solidário. Pois estamos enredados numa linha urdida por pseudo-meios-de-comunicação. Seres que nem conhecem o sentido da palavra comunicação, sem tornar comum o produto (texto oral ou escrito) de sua ação verbal. Espero, porém, que a minha dúvida, algum dia, seja esclarecida...Por que o homem não entende o outro?

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