April 23, 2008

A vida é.

A vida não é o Outro e nem a Literatura. Reafirmo as máximas dos textos anteriores e acredito que aqueles, que me conhecem de verdade, não acreditaram no que escrevi. No entanto, já não sei se essa estranha dúvida faria um bem a mim. Ela aparece no modo como julgam os meus atos em meu cotidiano.
Por isso, estou farto de pessoas que tentam explicar tudo (ainda que isso seja uma constante freqüente e inata ao ser humano) ao redor. Estas fantasiam a realidade e transferem os seus problemas para os discursos alheios naquilo que chamam de superinterpretação.
Subestimam o nosso ego com as palavras que acreditam sair de nossa boca ou do papel em que as afirmamos. Desse modo, trabalham com o modo em que a imaginação coletiva e pessoal se encontram em turbulentas elucubrações sobre a realidade. Esse tipo de pessoas lê a literatura, apenas, como fuga da realidade.
Mas a leitura de um texto literário nunca foi “só” isso. A velha máxima do “quem lê viaja” comprova muito dessa informação. A viagem do prazer do ler uma história nos induz para si mesmos e põe em confronto o que apreendemos no convívio com o “Outro” em nosso dia a dia.
Daí saber a importância da relativização da participação do “Outro” em nossa vida. Sartre foi o primeiro a descobrir isso. Mas nada o fez (ou faz) ter sido melhor do que nós, “simples mortais”, em nossa caminhada rumo ao anonimato. Antes de tudo, ele soube transpor em palavras uma “experiência de vida”.
Devemos cuidar do perigo do espelho que ronda a sociedade. Ela nos cerca em torno de padrões que refletem no que os outros compartilham como um estilo de vida natural. Assim, surgem pessoas que acreditam viver sem nenhuma influência e que são parte de uma individualidade coletiva.
Isso explica o meu gosto por “personalidades”. Não aquelas que a gente encontra fácil por aí, mas aquelas que sabem viver sem tentar saber o porquê. Entretanto, sempre esbarro no velho orgulho que persiste na constituição do humano dos nossos tempos.
Alguns orgulhosos se defendem em sua própria cegueira e não admitem os seus erros. Nem sabem ver o mundo de uma forma distinta da sua, o que desaprova tudo o que tenho defendido até agora quanto ao viver naturalmente. Rousseau morreria de desgosto em nossos tempos!
E o discurso dessas pessoas, infelizmente, me incomoda. Não incomoda pela ignorância em que mergulharam, mas pela atitude que adotam: Por não enxergarem a vida sem a lupa de seu mundo, transferem os seus problemas para a gente e nos culpam com a maior “cara lavada”.
Há uma música da Ivete muito sábia: Então não me conte os seus problemas... eu só quero paz..quero amor. (...) Acredito muito nessa sabedoria baiana repleta de rica experiência de vida. Entretanto, uma pergunta sempre me inquieta a respeito dessas pessoas. Será tão difícil viver? Respondo não, mesmo não compartilhando de todos os empecilhos que encontro a todo o momento em minha vivência.
Nós é que complicamos tudo. Um abraço, uma conversa e um olhar conseguem mover mundos sempre, não é? Agora, se você tentar explicar para alguém o que esse meu texto fala em apenas cinco linhas, garanto que não conseguirá! E olha que estou longe de ser um escritor clássico ou com renome por aí.
O mesmo ocorre com a vida. Ela é e criar denominações, histórias ou estórias, pontos de vistas sobre tudo, faz parte de um erro secular do ser humano. Por isso, prefiro viver e “tentar” transformar tudo em algo positivo, mesmo que muitos insistam em me chamar de pessimista por saber lidar com os problemas do meu cotidiano. Falar sobre eles acalma, traz uma falsa ilusão, mas não falseia o que sinto no lugar mais intangível da vida: o coração.


1 Kommentar:

Anonym hat gesagt…

Bom, boa noite! Resolvi tomar a liberdade de te escrever neste post, espero que não se importe com a "invasão"

É o seguinte: a gente vê todo dia o ódio no mundo real, o ódio no mundo virtual... Agressões físicas sem motivos, agressões verbais, agressões aomeio ambiente...

Estava pensando em tentar fazer uma blogagem coletiva contra o ódio, uma blogagem coletiva pretendendo promover uma reflexão contra o ódio e pelo amor. Se quiser dar uma olhada na minha proposta, eis o link:

http://lotecultural.com/site/16/04/2008/bc-culturadapaz/

Se quiser participar...

Abs!

Leonardo