Februar 16, 2006

A Lua


Ontem, parei no terraço de minha casa para observar a lua. Não imaginava o quanto ela pode nos encantar com o seu brilho. Essa contemplação, entretanto, tocou o meu inconsciente e trouxe bombardeios imaginários do que vivi no passado.
Dizem que a beleza lunar extrai do homem a sua sensibilidade. O "sensível" em seu sentido mais puro. Mas, ultimamente, ninguém quer observar a Lua. Por outro lado, existem aqueles que se enganam em mitos fúteis criados para essa rainha da noite.
Tenho um amigo que defende a velha história da lua cheia. "-Fico louco quando a vejo", disse-me ele, certa vez. Não acredito nisso, embora respeite a sua crença. Cada um acredita no que foi ensinado a acreditar.
A lua foge à qualquer explicação. De gênero feminino em nossa língua, ela é masculina em alemão. E isso pode gerar discussões severas na semântica. No entanto, o satélite natural da Terra não quer ser entendido. Ela quer ser sentida. Seria bom se ouvíssemos o que Berkeley dizia: "-Ser é ser percebido.
Assim, entramos no ciclo da percepção. Perceber a lua num olhar contemplativo é encarar o reflexo de nossa alma. Também caímos, constantemente, na ilusão que a Sociedade nos impôs sobre o que somos. Por exemplo, em minha infãncia, fui um bagunceiiro rebelde e quiseram me fazer um delinqüente. Na adolescência, estava um pouco mais calmo, ainda que tivesse, sobre mim, alguns olhares de condenação.
Mas, como disse antes, tudo se repete. Sou um bom moço para a Sociedade e um poeta para os que acreditam no meu olhar poético. Declino as visões alheias para as letras, onde essas perspectivas irão se perder.
E a lua nessa história? Ela toca violentamente o meu Ser. Fez o mesmo com o meu amigo que não a quis perceber. Ele quebrou o espelho que poderia levá-lo a descobrir o que o tempo oculta. A sua própria sensibilidade.
Ser sensível é ir além do mundo material e superficial que nos cerca. Não precisamos "desmunhecar", como diria um amigo machista. Um homem de verdade deve saber contemplar a lua com todos os encantos que ela pode nos oferecer.
Precisamos desvendar o mistério da vida nos espelhos sutis da Natureza. Essa companheira que nos ouve para que façamos uma viagem necessária ao "si". A essência desenvolvida por nossa percepção da realidade.

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