Fausto fechava o Bar. Todos foram se retirando, mas o dono falou:
— Voltem amanhã! — Olhou para mim, então. — E você ? Não fala nada? Ficou escrevendo tudo e nem deu uma opinião. Quando quiser participar da conversa, pode falar. — Fausto não sabia o meu objetivo. Para ele, era apenas um homem a registrar os fatos. Doeu muito no meu coração quando percebi isso. Aquela conversa tão rica foi por água a baixo por causa da desistência de um integrante: O Rui. Tenho visto as pessoas não acreditarem em si mesmas.
Esse é o objetivo da minha escrita. Não me importa o que achem dela, mas prefiro que os leitores se descubram ao me ler. Felipe, João, Rui e Fausto deveriam entender que o racional é apenas metade da vida. E ser irracional, em alguns momentos, é acreditar que podemos mudar o curso dos acontecimentos. Basta que acreditemos no que o nosso coração diz.
Claro que isso nos induz mais fácil ao erro em nossas ações, mas todo ser humano é imperfeito por natureza. Daí procurarmos ansiosamente a perfeição. A parte que nos completa em qualquer ocasião. Seja no trabalho, na vida amorosa ou social.
Quem diz que não tem controle sobre o que faz ou diz, se engana completamente. O inconsciente dita as normas de nossa vida e ele luta constantemente com a nossa consciência. Embora acredite que racionalizar tudo seja o defeito mais grave a ser cometido. É nesse parodoxo que nos construímos.
Por isso, uma conversa de bar consegue dizer muito mais, sobre o que vivemos, do que um texto literário. Arrisquei-me a “registrar” aqueles momentos porque eles demonstram o quanto o ser humano anda desacreditado.
O quanto a nossa sociedade é cruel e destrói o sonho. Assim, falar de coisas simples virou tabu. Essas são apenas coisas mínimas que não são ampliadas pelo horizonte da crença.
Acredito naqueles homens que decidiram falar sobre as mulheres, o amor e o destino sem perceberem. Não perceberam que fizeram a Roda da Vida girar. Do ceticismo do experiente João ao romantismo extremo de Rui, todos não tem “Razão”. Mas merecem respeito. Logo, estava lá para respeitá-los e taí outro comportamento extinto em nossa Sociedade.
O que vale é o complexo, o imperfeito, aquilo que foi planejado por muitos (pela falsa coletividade). Se Rui fosse aceito pelos amigos da Clara, ele não estaria sozinho. Se Felipe acreditasse mais em seus sonhos, não amaria alguém que está tão longe dele agora. Se João esquecesse o passado de decepções, buscaria um novo amor com menos rancor. E, por fim, se Fausto acreditasse em seu potencial, estaria no comando de uma Universidade importante hoje. Afinal, ele foi formado em Medicina, em Letras Clássicas e Filosofia.
Todos tiveram algo em comum. Sofreram com desilusões ininterruptas que afetaram o poder de suas crenças. Isso nos move. Não sou perfeito também, mas tento, todos os dias, ser dinânimo. Poderia até me arriscar a dizer que essa palavra tem a ver com ânimo, embora precise pesquisar para fundamentar o que digo e para que aceitem a minha opinião.
Estranho isso né? Sempre precisamos pôr o que sentimos numa fôrma que deve ser aceita pela sociedade. Pensei nisso quando desenvolvi um trabalho com um grupo da minha faculdade. Aprendi com a verdadeira coletividade. Conversei com os outros e troquei o que pensava sobre a linguagem. O mesmo fizeram os homens destemidos no Bar.
As frases deles não são ouvidas pelo conhecimento divulgado e distribuído socialmente. Mas nunca esquecerei certas lições de vida como:
“O amor é um sentimento abstrato que precisa se concretizar a dois.”
“OU SEJA, quando amamos alguém, devemos buscar a harmonia, o que é perfeito, porque todos nós somos imperfeitos.”
“Às vezes, até próximos, podemos ficar distantes.”
“Hoje a verdade não existe mais. Não comemoramos nem o dia da mentira mais.”
“Os jovens se acostumaram a amar pela metade.”
“—Sou honesto com os meus sentimentos. Posso ser massacrado por ser assim? Por que não tentar conhecer alguém que lhe encanta por gestos mínimos? Porque a Vida de verdade se realiza quando entendemos que a simplicidade é a mãe da felicidade.”
“—Pode fazer o que quiser, você ainda tem muito a “desaprender”. O ódio também é um tipo de amor.”
“—Vejo que vocês não viveram a vida o suficiente para perceber a Verdade. Nenhuma mulher está preparada para as mudanças de nossa sociedade. Nem mesmo nós, aliás, estamos. O que falta é discernimento a todos e saber conviver com o outro. O amor está sendo dizimado. Isso é terrível.”
Trechos que não estão em obras clássicas ou em trabalhos com indicações ao Nobel. Mas que contém classe por explicar o que a vida nunca nos ensinou: A acreditar em nossos sonhos. Por não entendê-los, somos capazes de interpretar o que é incompreensível. Agradeço, todos os meus dias, por acreditar em mim. Isso me levou a diversos estágios na vida. Não me preocupando com a qualidade deles, mas os tornando importantes pra o meu desenvolvimento. O resto faz parte da natureza que se alia ao tempo para conversar com o eu que reside em nós mesmos. Porque viver é morrer a cada instante... Até a próxima conversa, leitor?
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