November 03, 2007

A simples contradição da Vida

Não consigo entender porque as pessoas insistem em complicar a vida. Ela já é muito complicada e ficar inventando histórias não leva ninguém a nada. Posição que parece muito contraditória para um escritor como eu. Mas quem sabe o que é cem por cento certo na vida?
Escrevo para extravasar no atual momento em que me encontro. No entanto, tudo parece fugir dos trilhos quando tento simplificar os meus sentimentos. Parece-me que ninguém mais valoriza o que prezo e me cobra o que está muito claro, ultimamente, nas minhas palavras.
Claro que isso é muito difícil e já passei grande parte da minha vida procurando esclarecer os mal-entendidos proporcionados pelo mal uso da escrita. Devia ter deixado pra lá, embora tenha aprendido com pessoas valiosas o quanto tudo pode ser vivido da forma mais agradável e singela.
Só não entendo depois, o porquê dessas mesmas pessoas quererem de volta um entendimento de seus atos por minha parte. Não vivo pra entender ninguém e prefiro sentí-los.
Essa idéia surgiu da conversa que tive com o meu amigo sobre o meu modo de viver estar atrelado ao meu modo de pensar e de escrever. Isso me pareceu perigoso, mas hoje vejo que aprendi demais com cada um.
Por isso, vou romper (pela primeira vez) a fronteira do literário. Quero revelar que podemos simplificar nossos sentimentos nesse mundo complexo de letras contraditórias.
Viver é aprender com quem convivemos, mesmos que esses não estejam dispostos para aceitar isso. O que penso, escrevo ou falo sempre surgiu de mim e não do olhar que todos apontavam para mim. Isso também é complexo, mas faz parte da minha reflexão que só vale para o meu crescimento, enquanto ser humano.
Há anos que aprendi a planejar os meus sonhos e tentar traçar disciplinas com o meu irmão Pablo. E o que ganhei em troca? Só cobranças e reclamações. Até mesmo quando revelei a ele a minha admiração por sua pessoa. Queria ter o mínimo de disciplina que ele tem para poder organizar todos os meus planos.
Já o Fábio, amigo de longa data, com quem reatei amizade ontem, aprendi a dureza da vida e o quanto podemos aprender com os atos do nosso cotidiano. A maioria de meus textos e outros insights sempre saíram de nossas profícuas conversas sobre os erros e os acerto que cometemos durante a nossa caminhada.
Ouço a chuva lá fora e a tristeza tenta me corroer por dentro. Mesmo assim, procuro escrever para fixar todas as experiências que vivi. Ainda que isso aqui esteja menos literário do que outra coisa, acredito no bem que uma homenagem aos nossos entes queridos possa trazer agora.
Até porque a felicidade sempre foi algo efêmero que buscamos a todo momento. E que, na verdade, a nossa exigência com tudo pode nos afastar do que queremos. Embora sempre tenha optado pela qualidade na escolha de quem deveria me acompanhar até o fechar dos olhos.
Então, chamam-me de exagerado como o grande poeta Cazuza, mas esquecem de que a própria concepção de exagero não imposta pelo estilo de vida do grande cantor. Cazuza sempre foi reconhecido pelo seu jeito espontâneo, apesar de tumultuado, de viver.
Aí, quando tento dizer o que penso sem ferir ninguém, sou taxado de chato. É possível de entender? Tenho certeza que não. Mas me parece que as pessoas acham muito estranho o simples.
Acho que o meu erro é ser escritor. Talvez devesse aceitar a proposta de um amigo para dar aula em Manaus e sumir da vida de todos que amo. Drama? Queria que fosse. Afinal, poderia apagar tudo facilmente se nada estivesse além da escrita.
O que me importa é que todos possam refletir sobre a complexidade da vida ao invés de complicá-la todos os dias. É só seguir a cartilha do coração. E essa já existe muito antes de eu nascer.
Por isso, se não esquecemos alguém é porque ainda o prezamos de alguma forma. Se for amor então, isso significa que essa pessoa tem um lugar enterno no órgão mais poderoso do homem. Daí não podermos brincar com as palavras, como fiz agora, do mesmo jeito com o que sentimos.
Amor não se explica, se sente. O mesmo acontece qualquer sentimento. Afinal, todos são intangíveis e a língua portuguesa chama-os de substantivos abstratos. Só pela abstração, aquilo que retiramos da realidade, podemos percebê-los.
E só ele..o amor..pode mudar a Humanidade. Pena que isso pareça utópico e ninguém mais parece acreditar. Teve um professor uma vez que me ridicularizou ao saber que ainda acredito “nisso”, nas palavras dele.
Assim, evito ao máximo nomear o que sinto por não acreditar que só palavras consigam expressar. Mas não tenho o menor pudor de dizer o que sinto para quem gosto ou amo, tomada as devidas proporções.
Minha juventude não foi feita de vários “eu te amos”, como tenho visto por aí. Entretanto, em momento algum parei para ridicularizar a moda das frases amorosas. Amar é saber respeitar o outro, mesmo nas situações difícieis. É saber reconhecer os próprios erros e aprender com o Outro a cada dia.
Mas sempre tem um mas, pois as pessoas são seres e não coisas a serem detalhadamente interpretáveis. E quando são tratadas como humanos, parecem recusar à própria natureza. Essa sim é a minha maior tristeza.
Sigo o meu caminho sem saber o que fazer mais, além de “virar a outra face” e de agradecer todos os dias por ter conhecido pessoas maravilhosas em todos esses anos de vida. Entretanto, não posso terminar esse texto sem falar de uma pessoa que me ajudar a entender melhor o que é incompreensível.
A Carolina, sim digo aqui o seu nome, fez-me ver o quanto podemos alcançar a vida de forma sincera e humana. E olha que já conheci muita gente por aí. Não sei o que ela vai pensar quando ler essa mensagem , mas isso não me importa mais. Como disse anteriormente, sempre me importou o que sinto por quem amo.
Já errei demais com ela e sei o quanto aprendi com o seu jeito simples de não complicar nada. Mas o que fazer quando tudo gira ao contrário? Não sei. Só sei que sinto uma garoa tão agradável quando lembro de seu sorriso, do seu olhar ou até das suas broncas.
E o que vão falar, então, sobre esse texto? Não me importa. A vida é muito mais do escrevo, mas não aceito que as pessoas insistam em desvalorizá-la com o uso de palavras comuns. Essa é a maior e melhor contradição que devemos aprender. Cada um sabe o que guarda em seu coração para que possa cuidar do seu eterno jardim chamado alma. Então, viva leitor. Aceite os seus sentimentos, porque estou pronto da recebê-los como crítica ou não. A vida é simples contradição.

4 Kommentare:

Anonym hat gesagt…

"Quero revelar que podemos simplificar nossos sentimentos nesse mundo complexo de letras contraditórias."
posso fazer uma adaptação embasada nessa frase ?
que texto hein, que linguagem mais apurada, que monólogo mais bem pensado por quem deseja "desconstruir", entenda desconstrução no sentido francês da palavra, sentido derridarriano, sacou ?

Rômulo Souza hat gesagt…

Pô..muito obrigado. Vc também escreve muito bem. Admito que preciso ler muito ainda os textos do grandioso Derrida (tentei ler a voz e o fenômeno da última vez), mas tento sempre me desconstruir para me construir a partir do fluxo contínuo das palavras. Afinal, sigo o ritmo da vida.

espero ter compreendido..sei lá..rs

Anonym hat gesagt…

mas então, rômulo, eu irei escrever um texto adaptado do seu, em meu blog. ok ?
se tu nao gostar, avise-me rsss
abraços

Rômulo Souza hat gesagt…

Pô..vou adorar!! Sinta-se a vontade para escrever. Gosto muito de iniciativa como essas. Agradeço desde já. E aguardo hein? rss

um abraço