Mai 23, 2008

Pequenas histórias da vida real – Série

Começo essa seqüência de histórias para provocar esse mundo insosso em que vivemos. As pessoas precisam acreditar menos na fantasia, mas “fantasiar” a própria realidade com ações em seu ambiente. Ter coragem para caminhar em um mundo de covardes que se escondem em máscaras sociais. É o que procurarei mostrar nessa série.

João e a sua liberdade

João era um grande observador da realidade e sabia ajudar muito bem ao próximo. No entanto, a realidade não conseguia enxergar o grande homem que sempre fora. A sua grandeza não caberia mesmo em palavras e no que costumam dizer sobre ele. Para muitos, o nosso personagem se fazia de vítima e era um fofoqueiro da pior espécie. Então, por que não ver esse cidadão pelas lentes de sua própria vida...

Essa começava às 7 horas da manhã quando tinha que acordar cedo para ir à faculdade. O que faria lá? Diziam que ele vivia o dia inteiro na faculdade e que ficava passeando por lá. Mas não foi isso que me contou...

Ele ía trabalhar com uma senhora que lhe ditava regras, sem mexer uma palha para ajudá-lo. Nesse andar, todos achavam que ela comandava muito bem e auxiliava nas tarefas, quando (na verdade) ficava apenas no computador dando ordens. Calado, João apenas obedecia a sua superior. Dessa forma, fazia o serviço de todos e o dele em dobro. Por quê? Porque segundo os outros, que não sabiam o que se passava em seu setor, ele devia obedecê-la no belíssimo trabalho de “equipe”.

À tarde, ele ía almoçar e largava o expediente. Já exausto, encontrava os colegas no campus. E aí João? Já na faculdade? Caramba, você gosta mesmo hein? Que legal! E várias frases se acrescentavam a essas como se o nosso personagem não tivesse feito nenhum esforço até ali.

Depois, resolveu ligar para quem amava e recebeu uma resposta: - Me deixe em paz! Você sempre liga na hora errada! Tenho muitas coisas para fazer. Sim. E o nosso João não tinha nada mesmo. Teve até que aproveitar o horário do almoço como um intervalo propício para ligar, antes que começasse uma aula que iria até as 18h. Com a cabeça cheia, encarava a aula e lia os textos com precisão. Afinal, só sairia da sua faculdade às 22h, quando terminava a última aula. Ele adorava isso tudo.

Às altas horas da noite, pegava o ônibus para voltar a casa. O trocador queria lhe recolher a grana, porque viu no olhar cansado de João a oportunidade de enganá-lo. Mas, rapidamente, com a fagulha de seu espírito, reclamou o troco. E mesmo me disseram, uma vez, que ele não sabia reclamar os próprios direitos.

Passado o sufoco, pensou em ligar para a moça e rever o que havia dito. Afinal, ele ligou na hora errada antes. Não que o horário das 23h fosse propício também, mas era uma forma de tentar se desculpar com a sua amada antes de um novo dia começar. O que ela disse? –Você não aprende, né? Por que insiste? Droga, me esquece. E lá foi João sem ter oportunidade de se explicar. Se explicar pra quê? Ele era inconveniente mesmo...

Às 00:30, chegava o nosso vilão em casa. Precisava ainda tomar um banho e jantar. A mãe o recebia com todo o carinho e lhe perguntava como foi o dia. –Ótimo, mãe. Estou vivo. E ela ria da sagacidade com que o filho tratava as adversidades que a vida lhe apresentava. Quando podia, João aproveitava (antes de dormir) para acessar a internet discada e, quem sabe, encontrar a sua amada no msn. Mas o que adiantaria? Ele estava cansado de ficar na faculdade o dia todo. Fazendo o quê? “Só” estudando e trabalhando...

No outro dia, acordaria cedo e repetiria todo o processo, embora procurasse fazê-lo com um sorriso no rosto de forma diferente. Sempre criava histórias para divertir os seus amigos a partir do que observava em sua realidade. Até que encontrou uma moça que o amava por quem ele era. Esta não ouvia o que outros falavam e percebia o esforço daquele João em transformar cada instante da vida em algo novo. Por isso, para ele, nunca existiu uma primeira vez para nada. Mas diversas vezes para tudo.

Porém, sobre essa moça, prefiro deixar para outra narrativa. E a que ele amava? Você me perguntaria. Acredito que ela talvez não tenha conseguido vê-lo como um pequeno grande homem que é. Pois eles brigavam constantemente. João me disse, mas era opinião do próprio, que ela ouvia o que todo mundo falava dele.

É aqui o foco central da minha narrativa. Espero que todos aprendam com a liberdade de João, que nunca esteve preso à representação de que o mundo social lhe fazia. Perguntei a ele como se sentia e sempre me dizia: -Estou feliz. Como João? Retrucava sem entender esse fofoqueiro de marcar maior. -Sim, meu amigo. Eles podem dizer o que quiser sobre mim, porque o que sou não cabe em palavras. A minha tristeza é contra essa miséria humana que não faz com que os homens se libertem de olhares alheios sobre a realidade.

E continuava... -Me chamaram de fofoqueiro porque dizia o que pensava sobre os fatos que observava e não os “fantasiava”. Sou vítima, porque reclamei sozinho sem estar preso a qualquer grupo. Ainda que a minha opinião tenha surgido do contato com aqueles que admiro em meu convívio. A vida não é única como tentam nos dizer. Entretanto, tornamos, sim, únicos cada momento dela. Esse é o João. Aprendi muito com ele a valorizar todos em sua única diferença. A liberdade de ser além do dito e do não-dito.

Mai 21, 2008

As lágrimas


As lágrimas não são dor,

Como dizem por aí.

São o bater das asas de uma condor,

Que não tem limite.

Elas só aparecem

em momentos propícios.

E não se esquecem

os seus martírios.

Mas esses não são sofrimento,

Como costumam dizer.

É o verdadeiro “desvelamento”

Do ser.

Ser feliz, ou alegre,

No pequeno despejo de água.

Embora possa ser uma tristeza,

há muito tempo guardada.

Certa é a nossa libertação

nesse momento indecifrável.

Onde a única certeza é a emoção

De um sentimento renovável.

Choro quando posso

E quando devo.

Mas não as controlo,

porque não mereço.

As lágrimas expressam

o que há de mais puro do ser sensível.

Chovem dentro de nosso coração

Para dizer o que é indizível.

Obs.: Como o blog é de poesia, esperamos sempre uma poesia né? rs

Encontros da vida


so anota aí...rua welt (casa)

(8) Lílian Carneiro (8) "e qdo a hora chegar,volta...." diz:

bairro Leben

Sol diz:

anotei ;)

Sol diz:

qual ônibus pego?

Sol diz:

sexta vou mesmo hein?

Sol diz:

te ligo pra confirmar

(8) Lílian Carneiro (8) "e qdo a hora chegar,volta...." diz:

balsa e 363 (é ponto final...lá no alzirão)

(8) Lílian Carneiro (8) "e qdo a hora chegar,volta...." diz:

salta na 27 de julho perto da encontros.

(8) Lílian Carneiro (8) "e qdo a hora chegar,volta...." diz:

(Discoteca)

(8) Lílian Carneiro (8) "e qdo a hora chegar,volta...." diz:

td mundo conhece....aí eu t busco la

Sol diz:

ok

Ás vezes, fico imaginando o que teria acontecido na vida de Sol se não tivesse ido a esse encontro...

Mai 20, 2008

Acompanhando a vida

Taí, a vida me ensina umas coisas. Uma delas foi a de que não devo parar o meu tempo para ouvir quem não quer ser ouvido. Afinal, algumas pessoas mudam, mas não conseguem revolucionar a própria vida.



E foi sobre isso que comecei a pensar na volta da viagem de Volta Redonda. Percebi que hoje não sou nem um terço do que era no ínicio desse ano mesmo, enquanto alguns continuam a sua rota sem perceber tais mudanças. Isso é revolucionar-se.



No entanto, demorei muito a perceber que não posso me "intrometer" nesse processo, uma vez que a minha personalidade sempre teve uma essência mutável. Talvez pelo fato de corajosamente seguir a vida, sem olhar para trás. O que me fez hoje entender o porquê de muita gente não me entender.



Afinal, esforço-me há muito tempo para encontrar uma unidade em meu ser e dizem que isso é coisa de signo, embora acredite pouco no que dizem por aí sobre ele. Faça, então, uma análise de tudo o que o meu mapa astral diz e me diga se isso formaria uma pessoa normal..



Sol em virgem, lua em peixes, mercúrio em virgem, vênus em leão e para completar um ascendente em sagitário. Ah..não posso esquecer da tal cúspide em Libra. É..veja que salada..água, terra, fogo e ar..Na lógica dos fanáticos de plantão, deveria ser uma pessoa totalmente desequilibrada..mas sei lá..dizem que todo maluco não reconhece a própria loucura..rs




Louco não, mostrei o meu mapa astral para revelar o quanto somos capazes de nos distanciar do que a vida nos reserva. Isso me fez andar por vários rumos dessa vida, sem questionar para onde iria. E não consigo, até hoje, entender o porquê de ter habilidades com informática, com a biblioteconomia ou ter uma certa habilidade para aprender sobre coisas que muita gente não gosta.


Nas línguas estrangeiras, comecei a ler espanhol, interessei-me muito tarde pelo inglês e adoro o alemão, enquanto à outras tenha tido uma certa facilidade para entender o que os outros me falam. Um colega certa vez me perguntou se sabia francês, porque troquei meias palavras com uma amiga do grupo de filosofia.
Enfim, esses exemplos são para dizem que não consigo entender essa constância que as pessoas nos cobram na vida. A minha essência não pode ser apreendida por meia dúzia de palavras, porque "A fala é uma poesia esquecida." E isso é muito mais complexo quando tentamos tomar uma atitude poética de nossas vivências.
É o que minhas paixões me mostraram. Cultivei o amor onde não devia. Ou seja... Aprendi que as pessoas sempre usarão máscaras sociais em relacionamentos e que geralmente demoram a se revelar como são.
Esse é o fato porque desconfio de pessoas tão gentis e porque aceito certas atitudes grosseiras de outrem. Pois, tomada as devidas proporções, o tempo pode revolucionar tais personalidades. O que me traz uma postura de acreditar em minha "não-unidade".
A vida nos muda a todo o momento e aceitar a si mesmo é uma grande dádiva para cada humano. Aprendi a amar também a quem me ama sem máscaras com o olhar sincero de que nos ama por nossas qualidades. A revolução produz mudanças que nos solidificam como eternos... Mas, como diria Vinícius, é enterno enquanto dure. Taí o paradoxo de se revolucionar e acompanhar a vida.

Mai 17, 2008

Pronome

Eu sou pronome pessoal
e não quero ser oblíquo contigo.
Porque aquele demonstra que é mau,
sendo muito indefinido.

Você também o tratou bem.
De modo interrogativo
olhou para mim, altivo,
falando: — Quem?

Sua indecisão
foi porque não ligara o nome à pessoa.
Bastava-lhe uma relação
que o trouxesse uma memória boa.

Ele me substituiu
e lhe usou como objeto.
O nosso nome possuiu
como um pronome desonesto!



Obs.: um poema antigo só pra descontrair.

Mai 13, 2008

A idade

A idade
vem quando menos esperamos.
Ela nos espreita na esquina
No olhar de quem observamos.

Nasce de uma lembrança
Que resulta em experiência.
E não traz nenhuma esperança
De nossa vivência.

Secamos por dentro
Como a folha jovem do outono.
Começamos, então, a respeitar qualquer adágio
Que nos tire o sono.

A maturidade pode acompanhá-la
Se a abraçarmos com compromisso.
Mas também pode nos escapar
Se esquecermos que somos mais do que isso.

As mulheres a escondem
Porque ela as entende.
O tempo sempre esconde
O que elas não entendem.

Alguns a rejeitam
por não percebê-la em seu cotidiano.
Caem e se desorientam,
Ano após ano.

Mai 11, 2008

Conjugação

Sonhar,
Sonhar de novo com um novo amor.
Só quem crê é capaz
De apagar a dor.

Acreditar,
Acreditar de uma única vez
Que a vida não foi feita para embriaguez.

Embriagar,
Embriagar-se de coragem
Para enfrentar toda a mudança do dia a dia.

Mudar,
Mudar o que é possível
E deixar que nada seja apenas verossímil.

Deixar,
Deixar-se levar pela constante indiferença
Do mundo mudo.

Emudecer-se diante da arrogância presente
E do orgulho vigente
Dos que “acham” que vivem.

Viver,
Viver é esquecer-se de si mesmo,
Sem perder a essência do mesmo,
Que não é estipulado a esmo.