
A João Carlos
(um amigo muito vivo, mas morto para a sociedade)
Um dia, tive vontade de me matar. Olhava para a realidade tão decrépita e distante de mim. Devia ter uns 14 ou 15 anos... Sei lá, isso aconteceu em minha adolescência! No entanto, percebo que, hoje, devo defender a vida daqueles que morreram para a sociedade.
Está certo que o Alan Kardec me salvou com sua doutrina espiritualista. Não queria ser julgado como assassino. Mesmo assim, desde aquele momento, tirei uma conclusão que carrego comigo até hoje.
Tenho certeza de que a Sociedade atual (nem a de anos atrás) merece, nem mesmo, a nossa morte “física”. Devemos desaparecer para ela, como fizeram os grandes pensadores de todos os tempos.
Cazuza já dizia que os heróis dele morriam de overdose, enquanto os seus inimigos estavam no poder. Estamos no ano de 2005 e nada parece ter mudado. Talvez, só o tipo de embriaguez tenha sofrido ótimas alterações.
Quantos de nossos heróis tiveram uma overdose de justiça, de amor, de honestidade e de defesa de ideais coletivos. Muitos são nossos amigos, irmãos ou até paixões que não recebem o devido valor dessa Sociedade assassina.
Na maioria das vezes, eles querem apenas viver de acordo com os seus ideais em prol do coletivo. São exímios estudantes, amigos, escritores, cidadãos de causa nobre e, também, pais de família.
Todos se matam nesse país para sobreviverem compartilhando um pouco de decência com os seus entes queridos. Ao mesmo tempo, vejo o pulsar de suas almas que dão movimento a essa realidade estagnada por alguns seres sórdidos, que não passam de zumbis.
Por isso, antes de pensar em suicídio, lembre-se de elevar o seu espírito. Não esqueça de que será condenado duas vezes. Perderá o seu amor próprio e tudo aquilo que cultivou em vida. Enfim, poderá perder tudo por uma Sociedade que já está morta e que sempre quis destruí-lo.
Sacrifique-se por quem ama. Mate-se de tanto amar, de tanto escrever e de pensar em novos caminhos para os que ainda vivem socialmente. Dessa maneira, homenageamos os únicos vivos desse mundo, repleto de zumbis. E, tanto os mortos quanto os que foram decretados como mortos, por defenderem os seus ideais, merecem a nossa oração.
“Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.”
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